Vacinas salvam vidas, ignorância mata!!
Todo dia vejo algum post tentando aterrorizar as pessoas sobre o eventual risco de alguma vacina, relatando efeitos colaterais graves, morte, autismo e todo o tipo de sofrimento que puderem imaginar.
A boataria sempre é forte: recentemente, tive que escrever vários posts sobre H1N1, porque todo dia era um boato terrorista diferente. Para as vacinas não é diferente.
Neste post vou te mostrar que não vacinar é muito mais arriscado do que vacinar. Você vai ver também que o movimento anti-vacina começou com uma fraude. Aguente firme, leia e comente.
Faça as perguntas certas!
Primeiro, uma pergunta: quem aqui conhece pessoas que tiveram efeitos graves com a vacinação?
E aí um monte de gente levanta a mão e diz: EU!!!!!
E aí eu pergunto: quais foram esses efeitos?
Local da injeção inchado e vermelho.
Dor local.
Febre.
Convulsões, choros incontroláveis e sonolência.
Diarreia com sangue.
Linfonodo axilar aumentado.
Pois é, apesar de entender porque os pais qualificam essas reações como graves – causam dor, sofrimento e medo – estas não são consideradas manifestações graves das vacinas. E são passageiras e tratáveis.
Os efeitos realmente graves (morte, encefalopatias agudas, crônicas e alergias severas) acontecem em média de 1 para cada 1 milhão de doses. Estamos falando de uma incidência de 0,0001% de problemas graves por causa das vacinas. É muito pouco!
Por que doenças comuns no passado sumiram do mapa?
Mas aí eu queria fazer outra pergunta: você já viu, nos últimos anos, um caso grave de Poliomielite, Sarampo, Difteria, Coqueluche, Tétano, Rubéola?
A resposta honesta seria não, porque nem eu após 11 anos de prática pediátrica vi.
Aqui é onde precisamos pensar direitinho. Além dessas doenças terem matado e sequelado milhares de crianças no mundo, na era pré-vacinação, a frequência de complicações causadas pelas doenças era muito maior do que os efeitos colaterais da vacinação.
Exemplificando, a cada 1.000 casos de Sarampo, havia um caso grave – muitas vezes mortal – de encefalite pelo vírus. E sabem qual é o risco de encefalopatia pós-vacinal? 1 para cada 3 MILHÕES de doses.
Vou colocar de outra forma para ficar ainda mais claro. Não vacinando e pegando sarampo, a chance de encefalite era de 0,1%. Se a criança fosse vacinada, o risco da encefalite vacinal cai para 0,00003%.
Ficou claro que é uma questão de risco/benefício?
O problema é que, como estas doenças se tornaram muito raras, quase não vemos complicações sérias delas. Enquanto que a menor dor de cabeça (ou vômito e febre) causada por uma vacina já é alardeada pela campanha anti-vacinação como sinal de que vacinar é ruim.
Então, uma febre de 40 graus após a vacina Pentavalente pode chamar muito a atenção. Mas ninguém mais se lembra das meningites graves causadas pelo Hemófilo cuja vacina evita, dos sequelados da pólio ou dos mortos por sarampo e difteria, já que a geração atual de pais e até mesmo profissionais simplesmente não conhece esses problemas.
É um raciocínio totalmente torto! Sem falar que muitas vezes é falacioso também.
Claro que raros efeitos graves da vacinação são lamentáveis, mas as doenças são muito mais severas!
Onde começou a campanha anti-vacinas?
Nessa onda, em 1999 surge o Doutor Andrew Wakefield, trombeteando um mundo de autistas após a vacinação tríplice viral (MMR). Realmente foi uma bomba, porque o trabalho do doutor anti-vacina foi publicado por uma das revistas mais prestigiadas do mundo, a Lancet.
Demonstrava a associação entre as crescentes taxas de autismo e o aumento da cobertura vacinal.
E onde estamos hoje, 17 anos depois? O Dr. Andrew Wakefield é um ex-doutor, cassado, por ter fraudado os dados da pesquisa. A revista teve sua reputação arranhada por não ter ido mais à fundo nos dados antes de publicá-los.
As “sequelas” do Dr. Andrew continuam, porque ele se mantém como ativista, angariando dinheiro e seguidores e soando todos os dias sua cantilena científica fraudada.
Leia aqui a extensa revisão sobre os alegados efeitos graves associados às vacinas pelos seguidores dele e a resposta científica da Academia Americana de Pediatria.
E aí todas as vezes que posto sobre o tema aqui, a turma anti-vacina liga os radares e começa a me cutucar.
Em um editorial excelente do mesmo Lancet, no mês de Maio, o Dr Mark Honigsbaum me ensinou que desde a descoberta inicial das vacinas por Jenner, em 1796 houve incredulidade e crítica.
Tal movimento culminou cerca de 100 anos depois em uma cruzada anti-vacinas na Inglaterra, com alegações bastante parecidas com o que lemos hoje na Internet.
O problema é nossa memória curta e seletiva
Chego à conclusão, então, que o problema somos nós e nossa memória seletiva juntamente com a busca de uma utopia da saúde plena, que nunca tivemos e nunca teremos.
Esquecemos dos horrores do passado e nos apegamos com os problemas atuais, mesmo que bem menores. Ficamos com a explicação que faz mais sentido, mesmo que seja uma retumbante fraude e que cause um grande risco para a atual geração.
Vivemos em busca da explicação fácil do que é complexo e qualquer um que venda a idéia mágica e simples vai para os holofotes.
E para finalizar, qual tem sido a consequência do movimento anti-vacinas?
Simples: o ressurgimento de epidemias das doenças antes erradicadas, pela menor cobertura vacinal e consequentemente maior população de suscetíveis, o que compromete o efeito rebanho (maioria de vacinados protegendo vacinados e não-vacinados).
Temos de volta os fantasmas do passado, como Sarampo, Coqueluche e Difteria.
Será que teremos que voltar a sofrer as agruras e assistir às mortes causadas por estas doenças esquecidas, para darmos o devido crédito e valor às vacinas?
Espero que não!
Vacinas salvam vidas, ignorância mata!!!
Se achou importante, compartilhe.
Este texto foi compartilhado do blog do Dr Flávio Melo - pediatra
Todo dia vejo algum post tentando aterrorizar as pessoas sobre o eventual risco de alguma vacina, relatando efeitos colaterais graves, morte, autismo e todo o tipo de sofrimento que puderem imaginar.
A boataria sempre é forte: recentemente, tive que escrever vários posts sobre H1N1, porque todo dia era um boato terrorista diferente. Para as vacinas não é diferente.
Neste post vou te mostrar que não vacinar é muito mais arriscado do que vacinar. Você vai ver também que o movimento anti-vacina começou com uma fraude. Aguente firme, leia e comente.
Faça as perguntas certas!
Primeiro, uma pergunta: quem aqui conhece pessoas que tiveram efeitos graves com a vacinação?
E aí um monte de gente levanta a mão e diz: EU!!!!!
E aí eu pergunto: quais foram esses efeitos?
Local da injeção inchado e vermelho.
Dor local.
Febre.
Convulsões, choros incontroláveis e sonolência.
Diarreia com sangue.
Linfonodo axilar aumentado.
Pois é, apesar de entender porque os pais qualificam essas reações como graves – causam dor, sofrimento e medo – estas não são consideradas manifestações graves das vacinas. E são passageiras e tratáveis.
Os efeitos realmente graves (morte, encefalopatias agudas, crônicas e alergias severas) acontecem em média de 1 para cada 1 milhão de doses. Estamos falando de uma incidência de 0,0001% de problemas graves por causa das vacinas. É muito pouco!
Por que doenças comuns no passado sumiram do mapa?
Mas aí eu queria fazer outra pergunta: você já viu, nos últimos anos, um caso grave de Poliomielite, Sarampo, Difteria, Coqueluche, Tétano, Rubéola?
A resposta honesta seria não, porque nem eu após 11 anos de prática pediátrica vi.
Aqui é onde precisamos pensar direitinho. Além dessas doenças terem matado e sequelado milhares de crianças no mundo, na era pré-vacinação, a frequência de complicações causadas pelas doenças era muito maior do que os efeitos colaterais da vacinação.
Exemplificando, a cada 1.000 casos de Sarampo, havia um caso grave – muitas vezes mortal – de encefalite pelo vírus. E sabem qual é o risco de encefalopatia pós-vacinal? 1 para cada 3 MILHÕES de doses.
Vou colocar de outra forma para ficar ainda mais claro. Não vacinando e pegando sarampo, a chance de encefalite era de 0,1%. Se a criança fosse vacinada, o risco da encefalite vacinal cai para 0,00003%.
Ficou claro que é uma questão de risco/benefício?
O problema é que, como estas doenças se tornaram muito raras, quase não vemos complicações sérias delas. Enquanto que a menor dor de cabeça (ou vômito e febre) causada por uma vacina já é alardeada pela campanha anti-vacinação como sinal de que vacinar é ruim.
Então, uma febre de 40 graus após a vacina Pentavalente pode chamar muito a atenção. Mas ninguém mais se lembra das meningites graves causadas pelo Hemófilo cuja vacina evita, dos sequelados da pólio ou dos mortos por sarampo e difteria, já que a geração atual de pais e até mesmo profissionais simplesmente não conhece esses problemas.
É um raciocínio totalmente torto! Sem falar que muitas vezes é falacioso também.
Claro que raros efeitos graves da vacinação são lamentáveis, mas as doenças são muito mais severas!
Onde começou a campanha anti-vacinas?
Nessa onda, em 1999 surge o Doutor Andrew Wakefield, trombeteando um mundo de autistas após a vacinação tríplice viral (MMR). Realmente foi uma bomba, porque o trabalho do doutor anti-vacina foi publicado por uma das revistas mais prestigiadas do mundo, a Lancet.
Demonstrava a associação entre as crescentes taxas de autismo e o aumento da cobertura vacinal.
E onde estamos hoje, 17 anos depois? O Dr. Andrew Wakefield é um ex-doutor, cassado, por ter fraudado os dados da pesquisa. A revista teve sua reputação arranhada por não ter ido mais à fundo nos dados antes de publicá-los.
As “sequelas” do Dr. Andrew continuam, porque ele se mantém como ativista, angariando dinheiro e seguidores e soando todos os dias sua cantilena científica fraudada.
Leia aqui a extensa revisão sobre os alegados efeitos graves associados às vacinas pelos seguidores dele e a resposta científica da Academia Americana de Pediatria.
E aí todas as vezes que posto sobre o tema aqui, a turma anti-vacina liga os radares e começa a me cutucar.
Em um editorial excelente do mesmo Lancet, no mês de Maio, o Dr Mark Honigsbaum me ensinou que desde a descoberta inicial das vacinas por Jenner, em 1796 houve incredulidade e crítica.
Tal movimento culminou cerca de 100 anos depois em uma cruzada anti-vacinas na Inglaterra, com alegações bastante parecidas com o que lemos hoje na Internet.
O problema é nossa memória curta e seletiva
Chego à conclusão, então, que o problema somos nós e nossa memória seletiva juntamente com a busca de uma utopia da saúde plena, que nunca tivemos e nunca teremos.
Esquecemos dos horrores do passado e nos apegamos com os problemas atuais, mesmo que bem menores. Ficamos com a explicação que faz mais sentido, mesmo que seja uma retumbante fraude e que cause um grande risco para a atual geração.
Vivemos em busca da explicação fácil do que é complexo e qualquer um que venda a idéia mágica e simples vai para os holofotes.
E para finalizar, qual tem sido a consequência do movimento anti-vacinas?
Simples: o ressurgimento de epidemias das doenças antes erradicadas, pela menor cobertura vacinal e consequentemente maior população de suscetíveis, o que compromete o efeito rebanho (maioria de vacinados protegendo vacinados e não-vacinados).
Temos de volta os fantasmas do passado, como Sarampo, Coqueluche e Difteria.
Será que teremos que voltar a sofrer as agruras e assistir às mortes causadas por estas doenças esquecidas, para darmos o devido crédito e valor às vacinas?
Espero que não!
Vacinas salvam vidas, ignorância mata!!!
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Este texto foi compartilhado do blog do Dr Flávio Melo - pediatra